domingo, 9 de fevereiro de 2014

Jogo da memória com letras














É possível ser moderno só com lápis e papel?

Achei este artigo no site do Sistema Positivo e achei legal compartilhar para pensarmos um pouco também.


É possível ser moderno só com lápis e papel?
Uma anedota ilustra caricaturalmente os problemas que podem ocorrer ao introduzirmos computadores em nossas escolas.
Por Luca Rischbieter
03/04/2010
Hoje, os computadores e a Internet permitem que escolas de diferentes lugares se comuniquem entre si cada vez mais
A cena imaginária se passa no final da década de 80, em uma sala de aula de uma escola primária da antiga União Soviética.
A professora, segurando um computador em cada mão, pergunta:
— Bem, crianças. Eu tenho um computador nessa mão e outro nessa mão aqui. Quantos computadores eu tenho ao todo?
A piada permite imaginar um caso extremo, em que nenhum dos recursos do computador é explorado.
Usando os termos de Piaget, poderíamos dizer que, no exemplo, a escola "assimilou" completamente os computadores, sem de forma alguma "acomodar-se" ao seu grande potencial para transformar suas práticas.
Vejamos agora um outro exemplo, real, em que, muito antes da invenção dos computadores, um grande educador nos dá uma ótima idéia sobre como eles podem ser aproveitados na escola do século XXI.
Esse educador é o francês Celéstin Freinet (1896-1966). Ferido no pulmão durante a Primeira Guerra Mundial, vamos encontrar Freinet, por volta de 1925, sem fôlego nem paciência para passar o dia dando aulas para os filhos de camponeses pobres, seus alunos, nas aldeias do sul da França. Conhecedor das idéias da Escola Ativa (conhecida entre nós como Escola Nova), Freinet buscava uma saída que mudasse toda a dinâmica de sua classe. A solução veio com uma revolução: Freinet comprou uma velha imprensa, dessas de fazer jornais, e colocou-a no coração de sua sala. As crianças começaram a montar textos, contando seus passeios pela aldeia, seus sonhos, seu mundo.
Os textos eram compostos e impressos até pelas crianças ainda não-alfabetizadas. Logo, os alunos de Freinet trocavam, pelo correio tradicional, textos, desenhos e poesias com escolas da França, de outros países da Europa e até da África. Assim, Freinet criou, antes de 1930, uma técnica simples e revolucionária, chamada por ele de "correspondência interescolar", que traz resultados educativos excelentes sempre que é experimentada.
O exemplo de Freinet, contrastado com a anedota que abre este pequeno artigo, nos leva a perguntar: será que é possível sermos modernos (ou "pós-modernos") só com lápis e papel, e antiquados até mesmo com os últimos e melhores computadores? Mas é claro que os computadores são ferramentas que facilitam a realização de mudanças positivas nas escolas e em seus métodos. Freinet, por exemplo, que gostava de novas tecnologias, certamente ficaria encantado com as possibilidades de comunicação e expressão oferecidas pelos computadores, programas de autoria, editores de texto, recursos multimídia e de impressão e, especialmente, com a facilidade em trocar mensagens e materiais via Internet.
Hoje os computadores e a Internet permitem que escolas de diferentes lugares se comuniquem entre si cada vez mais. Com as novas tecnologias, ficou muito mais fácil realizar o sonho de Freinet: criar uma rede de escolas em que boa parte das atividades das crianças consiste em produzir materiais e textos para serem trocados com crianças de outros lugares.
Certamente, ao ingressarmos no século XXI, vale a pena continuar buscando inspiração em Freinet e em outros pioneiros que, com limitados recursos técnicos, apontaram novos caminhos para as práticas educativas em nossas escolas.